segunda-feira, 13 de maio de 2013

Formação dos Filhos


Gostaria de tratar com vocês hoje sobre o desafio que temos quanto a formação de nossos filhos.

Não tenho dúvida de que estaremos mexendo hoje com a “taça de cristal” da maioria de nós. Geralmente temos a tendência de darmos do nosso amor incondicional a nossos filhos. Isso não é mau, pois na verdade é isto que Deus planejou para que fosse vivenciado em todos os nossos relacionamentos.

Contudo há um problema na maneira em que fazemos isto! É o fato de não reconhecermos, muitas vezes, que nossos filhos estão inseridos em um mundo que está marcado pela realidade da desconexão com Deus e por isso sofre das influências do que é contrário ao plano bom e perfeito de Deus para nossas famílias.

Conforme a revelação bíblica, Deus nos deu como pais a responsabilidades de educarmos e formarmos nossos filhos com os fundamentos da sua vontade revelada nas Escrituras.

Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor.” (Efésios 6.4)

Precisamos compreender e admitir que existe uma forte influência exercida em nosso mundo para que as pessoas vivam contrárias ao propósito bom e perfeito de Deus para nós. E isto influencia nossos filhos.

Dentre as forças que competem pela formação da identidade e valores de nossos filhos estão a mídia, o ensino secular, e atualmente o próprio Governo que deveria cuidar de leis e ações que promovessem o bem e a segurança social, mas estão mais interessados em exercerem domínio sobre os valores de nossas famílias.

Veja como exemplo a chamada “Lei da palmada” que foi promulgada pelo Governo Federal que restringe o direito a correção que os pais tem de exercer sobre seus filhos, em nome de uma pedagogia chamada construtivista, que é inócua, pois não considera a realidade da desestrutura da maioria das famílias, sem falar na perspectiva do que a revelação bíblica chama de pecado original.

É claro que não somos favorável a qualquer forma de violência física contra crianças, mas a solução para isto não está na promulgação de uma Lei que proíbe os pais de corrigirem seus filhos.

Quanto a mídia existe um incentivo cada vez maior a violência, a independência, a irresponsabilidade, ao sexo casual e sem compromisso, a erotismo nas relações e a patologias no comportamento, apresentado por programas de televisão, novelas, filmes e séries.

No campo da educação secular, existe um explicito movimento contrário a valores já estabelecidos, usando-se do argumento de se desfazer preconceitos, mas que visa formatar uma aceitação a-crítica as tendências que grupos sociais querem insistir em que se tornem o paradigma aceito em nossa sociedade. Veja como exemplo o gasto irresponsável do Governo de verba pública para disseminar o chamado “kitgay”, com o argumento de um ensino “anti-homofóbico”, mas que na verdade é uma apologia e incentivo ao homossexualismo.

Também podemos citar cartilhas que ensinam como usar drogas e a fazer sexo seguro, com o argumento de que precisamos prevenir as consequências para nossos filhos, no lugar de promover uma mudança de mentalidade.

O fato é que todos os dias somos expostos a notícias assustadoras que envolvem crianças, adolescentes e jovens, que poderiam ser nossos filhos, ou que são colegas de nossos filhos.

Aliado a tudo isto está a apologia de nossa sociedade a uma vida hedonista, materialista e utilitarista, que faz com que nós busquemos como prioridade as nossa própria satisfação e sucesso profissional. Vendo até mesmo a maneira que criamos nossos filhos por esta agenda.

Diante de tudo isto nos deparamos com este ensino que as Escrituras Bíblica nos apresentam, de que como pais somos responsáveis diante de Deus pela formação de nossos filhos.

Assim, como é que podemos ganhar este Round?

  1. ASSUMINDO O COMPROMISSO DE FORMAR NOSSOS FILHOS NA INSTRUÇÃO E CONSELHO DO SENHOR.

“Pais, ...., criem seus filhos segundo a instrução e conselho do Senhor.”  (Efésios 6.4)

A nossa sociedade pode nos dizer, e podemos acreditar, que a coisa mais importante que temos que fazer por nossos filhos é dar-lhes uma boa formação educacional e bens materiais, contudo isso não é verdade e não é suficiente.

Veja o que o filósofo e articulista da Folha de São Paulo Hélio Schwartsman tem a dizer sobre isso:

“Deu na Folha que pais paulistanos investem fortunas em escolinhas bilíngues cuja missão é formar superbebês. Eu próprio não agia de forma diferente quando meus filhos eram pequenos, mas é importante ter em vista que essa superestimulação é muito provavelmente um desperdício de recursos, que atende mais a nosso desejo de controlar as coisas do que às necessidades cognitivas das crianças.” (Folha de São Paulo 07/05/2013)



Conforme a sabedoria bíblica a tarefa mais importante que temos na formação de nossos filhos é ensina-los a conhecerem a vontade boa e perfeita de Deus que nos é revelada em sua Palavra, ensinando-os a viverem no que a Bíblia chama de “temor ao Senhor”.

Ouça, ó Israel: O SENHOR, o nosso Deus, é o único SENHOR. Ame o SENHOR, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na testa. Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões.” (Deuteronômio 6.4-9)

Nossos filhos precisam observar em nós um adequado relacionamento com Deus, de compromisso, obediência e temor, e serem orientados por nós a uma entrega verdadeira de suas vidas a Jesus Cristo, mediante o evangelho, para que então tenham uma vida de fato bem sucedida.

  1. ASSUMINDO O FATO DE QUE LIDAMOS COM UMA GERAÇÃO DIFERENTE DA NOSSA.

“Pais, não irritem seus filhos;” (Efésios 6.4)

O texto bíblico nos diz para criarmos os filhos segundo a instrução e o conselho do Senhor e não conforme os nossos pontos de vistas, pois se fizermos isto iremos na verdade apenas irritá-los.

Uma das crises que como pais vivemos com a responsabilidade de formarmos nossos filhos é gerada pelo equivoco que fazemos de achar que os mesmos têm ou terão uma leitura do mundo e da vida como foi a nossa, ou que temos que ter uma leitura do mundo como a deles.

Toda cultura humana é formada pelo entrelaçamento de gerações, mas é preciso entender que estas gerações lidam com a vida e o mundo de maneira diferente umas das outras.

É claro que sempre haverá uma medida de influência trocada entre as gerações, mas não podemos esperar que a cosmovisão de mundo que tínhamos a 40 anos atrás seja exatamente a mesma que nossos filhos terão.

Sociologicamente falando podemos dividir as gerações de nossa sociedade em 4 principais: baby boomers; geração x; geração y (milenius/eu me acho) e a geração z.


Baby Boomers
Geração X
Geração Y
Geração Z
1946 a 1964
1965 a 1979
1980 a 1995
Pós 1995
Pós-guerra: busca de prosperidade econômica.
Guerra fria: busca por valores liberais
Globalização: Geração eu me acho.
Era da informação: Os primeiros nativos digitais
Características:
  1. Ambiciosos
  2. Plano de carreira
  3. Busca por estabilidade financeira
  4. Conservadores
Características:
  1. Autoconfiantes
  2. Carreira como item  complementar.

Características:
  1. Tecnológicos
  2. Mutaveis
  3. Trabalho como meio para atingir objetivos pessoais
Características:
  1. Não conhecem o mundo sem a internet
  2. Forte interação digital
  3. Geração Indoor


Educadores e psicólogos familiares chamam nossa atenção para o equivoco que temos feito como pais em procurar super valorizar a auto-estima de nossos filhos. Isto os tem levado a serem parte de uma geração iludida e que não sabe lidar com suas próprias frustrações, gerando uma juventude emocionalmente enferma e que busca fugir em uma série de compulsões: drogas, bulemia e anorexia, se cortar, síndrome do pânico, ansiedade, depressão, etc.

A matéria de capa da Revista Época de 22/07 de 2012 trouxe uma matéria demonstrando como nossa tendência de criarmos nossos filhos a partir de nossas expectativas contribuem para a formação de uma geração altamente egocêntrica. 

“Em português, inglês ou chinês, esses filhos incensados desde o berço formam a turma do “eu me acho”. Porque se acham mesmo. Eles se acham os melhores alunos (se tiram uma nota ruim, é o professor que não os entende). Eles se acham os mais competentes no trabalho (se recebem críticas, é porque o chefe tem inveja do frescor de seu talento). Eles se acham merecedores de constantes elogios e rápido reconhecimento (se não são promovidos em pouco tempo, a empresa foi injusta em não reconhecer seu valor). Você conhece alguém assim em seu trabalho ou em sua turma de amigos? Boa parte deles, no Brasil e no resto do mundo, foi bem-educada, teve acesso aos melhores colégios, fala outras línguas e, claro, é ligada em tecnologia e competente em seu uso. São bons, é fato. Mas se acham mais do que ótimos.”

Segundo a matéria apresentada na revista o problema com a formação de nossos filhos é duplo:

“A primeira é o esforço incansável dos pais para garantir o sucesso futuro de sua prole – e esse sucesso depende, mais do que nunca, de entrar numa boa universidade e seguir uma carreira sólida.  O segundo pilar da criação moderna está na forma que os pais encontraram para estimular seus filhos e mantê-los no caminho do sucesso: alimentando sua autoestima. É uma atitude baseada no Movimento da Autoestima, criado a partir das ideias do psicoterapeuta canadense Nathaniel Branden, hoje com 82 anos.”

De modo semelhante constata a jornalista Eliane Brum:

“Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.”
Se compreendemos isso, então, precisamos aceitar que a única realidade que pode alterar esta situação é o Evangelho. O único poder com condições de transformar qualquer realidade e alterar qualquer cosmovisão e paradigma e que poderá transformar a vida de nossos filhos é o evangelho.

Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus.” (1Coríntios 1.18)

Precisamos como pais viver o evangelho e compartilha-lo de modo explicito e claro com nossos filhos, pois ele é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer. 

  1. ASSUMINDO QUE A RESPONSABILIDADE PELA FORMAÇÃO DE NOSSOS FILHOS É DO CASAL.

“Pais (Pateres),...” (Efésios 6.4)

A palavra de Deus atribui a responsabilidade pela formação dos filhos aos pais. Ou seja, não apenas a mãe, mas também ao pai.

Em Efésios 6.1, a palavra no original para que os filhos sejam obedientes aos pais é “yoneusin” que significa “pais” genericamente falando, ou seja, pai e mãe. Mas, no início do verso quatro a palavra usada é “pateres”, que se refere a figura do pai, do homem. 

Esta não é uma responsabilidade do Governo ou de uma instituição de ensino. A responsabilidade pela formação de nossos filhos é nossa como pais, como casal. Não apenas da mulher, mas também do homem.

Quando, como homens, não ocupamos o nosso lugar na formação de nossos filhos, mas achamos que esta responsabilidade cabe somente as mulheres, deixamos um vácuo emocional e de insegurança na vida de nossos filhos.

No caso das meninas faltará um referencial masculino saudável que lhe de segurança e um claro conceito do que seja um homem forte e amável. No caso do menino, faltará a figura de um modelo masculino saudável que ele poderá tomar para norteá-lo em seu desenvolvimento social e emocional.

Precisamos ter a convicção de que o Governo não tem autoridade dada pela revelação bíblica para ingerir sobre nossa responsabilidade de pais na formação de nossos filhos. E não podemos transferir esta responsabilidade para a escola, babás, ou mesmo a igreja. Estas instituições e pessoas são complementares a tarefa que precisa ser exercida por nós como pais.

“Meu filho, obedeça às minhas palavras e no íntimo guarde os meus mandamentos. Obedeça aos meus mandamentos, e você terá vida; guarde os meus ensinos como a menina dos seus olhos.” (Provérbios 7.1-2)

Boa parte daquilo que nossos filhos contemplarem em nós é o que eles irão reproduzir em suas vidas.

Nenhum comentário: