quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Uma nova atitude para com o próximo


Insensibilidade!
Esse é um sentimento que cultivamos muitas vezes para procurar manter nossa sanidade diante de tantas situações conflitantes que nos deparamos em nosso dia a dia.
Existem tantas demandas ao nosso redor, que muitas vezes nos sentimos angustiados e acabamos optando por tentar evitar ter consciência do que aflige a tantas pessoas que nos rodeiam.
José Luis Amâncio, colunista da Revista Você S/A, diz o seguinte sobre isso:
O ritmo atribulado da vida moderna nos faz desenvolver novas habilidades para corresponder aos desafios diários, porém também possui alguns fatores negativos e entre eles a insensibilidade social. Podemos chamar de insensibilidade social o ato pelo qual, consciente ou inconscientemente, as pessoas passam a não perceber a existência de outras pessoas no seu cotidiano agindo de maneira as vezes mecânicas e eventualmente de maneira não solidária.
Semanalmente, para não falar diariamente, recebemos uma série de apelos vindos de todos os lados solicitando ajuda e nos sentimos, primeiramente, incapazes de responder a todas essas solicitações, e depois  vamos ficando cada vez mais insensíveis a elas, chegando ao descaso várias vezes para com o próximo.
Mas, como é que podemos lidar com essa situação? Como é que podemos construir atitudes adequadas para lidar com o próximo? Acho que uma das histórias mais conhecidas, das contadas por Jesus, é a famosa história do “Bom  Samaritano”, que está registrada em Lucas 10.25-37 e com ela aprendemos algumas posturas que devemos ter para assumir uma nova atitude para com o próximo.
A história. Antes de levantarmos algumas posturas que precisamos assumir para que nossa atitude para com o próximo mude, vamos observar que a história é contada por Jesus a fim de responder quem é o nosso próximo.
Conforme a própria conclusão do “Mestre da Lei” que conversa com Jesus, o nosso próximo é qualquer pessoa de quem nós resolvemos nos aproximar.
A pergunta feita pelo mestre da Lei foi: “E quem é o meu próximo?”  E a resposta que Jesus dá diz respeito a de quem é que nos tornamos próximo: “Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”
Assim, compreendendo que o próximo tem a ver com aquelas pessoas de quem nós resolvemos nos aproximar, vejamos que posturas podemos ter para que novas atitudes surjam de nós para com o outro.

I.               OLHAR PARA O PRÓXIMO COM PIEDADE.

A primeira postura que precisamos ter para que novas atitudes fluam de nós em favor do próximo tem a ver com como é que o vemos.
Na Parábola contada por Jesus, há três homens que passam por um outro que havia sido assaltado e espancado. Os dois primeiros o viram, mas não tiveram piedade dele. Não se compadeceram, passaram pelo outro lado e seguiram seus caminhos com insensibilidade.
“Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado.” (Lucas 10.31-32)
Quantas vezes agimos de semelhante modo? Quantas vezes vemos situações e entendemos que não devemos nos envolver porque estamos ocupados, temos nossos próprios problemas, temos um compromisso que nos aguarda. E, então, damos de ombro, passamos pelo outro lado.
Na verdade nossa sociedade nos incentiva a esta postura! O problema não é nosso, não é meu, e é melhor que outro se ocupe com ele. Ninguém vai fazer nada a respeito? Onde estão as autoridades? Onde estão os pais destas crianças? Onde está qualquer um que não seja eu mesmo?
Por outro lado, quando o samaritano entra na história sua postura é diferente, pois ele também vê o homem em necessidade, mas o vê de uma maneira diferente dos outros dois que passaram anteriormente. Ele o vê com piedade.
“Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele.” (Lucas 10.33)
Para que tenhamos uma nova postura para com o próximo precisamos ser tomados pela mesma atitude de piedade, de misericórdia, que está presente no coração de Jesus Cristo.
Nós só nos tornamos próximos, só chegamos perto, só damos da nossa atenção, só tocamos no outro, se nosso coração for tomado por misericórdia.
Esse é um sentimento que sempre que aparece em relação a Jesus mostra-nos que o leva a uma ação. Não existe misericórdia, ou piedade, que seja passiva. Ela sempre nos move na direção do outro.
Uma outra palavra usada pela Bíblia para isso é compaixão! Todas as vezes que Jesus se compadece de alguém ele se dirige em favor desta pessoa. Vejamos como exemplo este encontro de Jesus com um leproso.
“Um leproso aproximou-se dele e suplicou-lhe de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me! Cheio de compaixão, Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: Quero. Seja purificado! Imediatamente a lepra o deixou, e ele foi purificado.” (Marcos 1.40-42)
Portanto, se formos tomados pela compaixão de Deus e olharmos com piedade para o próximo nossa atitude para com ele irá ser diferente.

II.             INVESTIR NO PRÓXIMO PESSOALMENTE.

Essa segunda postura nos mostra que o nosso envolvimento com o outro deve contemplar não apenas a ordem estrutural, mas também pessoal.
Uma das razões pelas quais queremos evitar o nosso próximo é que sabemos que se pararmos para nos envolver isso terá um custo. Sejamos honestos, muitas vezes estamos tão envolvidos com nosso próprio mundo, nossa vida se fecha numa circunferência em torno de nós mesmos, do nosso conforto, nossos propósitos, nossos sonhos, nossas distrações, que nos acomodamos a tudo isso.
Seja lá o que for que os dois primeiros homens, que por sinal eram religiosos, tivessem para fazer naquele momento, foi mais importante do que o investimento que teriam que fazer na vida daquela pessoa que estava caído no caminho. Havia a possibilidade do homem estar morto e conforme a lei cerimonial, se um sacerdote ou um levita (que era uma espécie de líder e oficial do Templo em Jerusalém) tocasse em um cadáver, estariam desqualificado para seus ofícios por algum tempo. Esse pode ter sido o motivo de se evitar o socorro.
Já o samaritano abre mão do percurso de sua viagem, ou mesmo altera sua rota, muda a data da passagem, para que possa dar do seu tempo, atenção e recursos em prol daquele homem que precisava de sua ajuda.
“Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe disse: “Cuide dele. Quando eu voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver.” (Lucas 10.34-35)
Muitas vezes nós esperamos que alguém faça alguma coisa em favor dos necessitados, mas raramente paramos para considerar que este alguém deveria ser nós mesmos.
O problema é que quando vivemos vidas centradas em nós mesmos, com o passar do tempo, o brilho da vida se esvai, nos sentimos cercados pela rotina, e tomados pela monotonia, mas mesmo assim não queremos lidar com as implicações do servir.
Mas, nossa vida encontra real sentido e significado quando tiramos os olhos de nós mesmos e nos doamos em favor de outros, seguindo o exemplo que nos foi dado pelo próprio Deus que se manifestou entre nós na pessoa de Jesus Cristo.
“Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Marcos 10.45)
Na verdade as Escrituras nos mostram que amar implica em servir e não há como servir sem investimento próprio e auto doação. Essa é a essência do que Jesus nos ensina quando diz que devemos agir como ele e “lavar os pés uns dos outros”.
“Vocês me chamam Mestre e Senhor, e com razão, pois eu o sou. Pois bem, se eu, sendo o Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros.” (João 13.13-14)

III.           TOMAR A INICIATIVA EM FAVOR DO PRÓXIMO.

Como disse no início é interessante o fato de que Jesus inverte a questão levantada pelo mestre da Lei.
Enquanto este quer saber “quem é o seu próximo”, Jesus, com sua Parábola, demonstra que nós é que temos que tomar a iniciativa de sermos próximos.
“Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?” (Lucas 10.29)
“Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” (Lucas 10.36).
Isso é de fundamental importância. Para mim é na verdade a essência do que Jesus está querendo ensinar com esta parábola.  Nós não apenas somos próximos, quando nos aproximamos, mas também somos próximos quando alguém se aproxima de nós. Ou seja, ser próximo tem a ver com iniciativa.
Não vamos perder o “fio da meada” aqui. Na cultura de Jesus, um judeu e um samaritano não se davam. Mas Jesus torna o samaritano o “herói” desta parábola. Se ele não socorresse, se ele não servisse aquele homem moribundo, o mesmo teria morrido.
Estamos prontos para tomar a iniciativa tanto para servir, quanto para reconhecer que precisamos aceitar sermos servidos por “próximos” que não se enquadram dentro de nossa agenda de conveniências?
Veja bem, essa é uma questão de iniciativa. Precisamos estar abertos para nos mover em favor do outro e abertos para recebermos o movimento do outro em nosso favor. Jesus constrói a história de uma forma que não há escapatória para aquele mestre da Lei. Ou ele é o samaritano, ou é o moribundo que precisa aceitar ser socorrido pelo samaritano.
Outro detalhe importante que precisamos lembrar aqui é que tem muita gente que, embora não esteja caído a beira do caminho e sim passando por nós, se encontra no mesmo estado de desespero e necessidade deste personagem da parábola de Jesus.
Pessoas que muitas vezes estão bem vestidas, são bonitas, tem um bom carro, e várias outras coisas, estão nas baladas, estão rindo por fora, mas por dentro estão como “semi-mortas a beira do caminho”.

CONCLUSÃO
Em minha opinião é muito nítido que aquele que se fez próximo do modo mais contundente em nosso favor foi o próprio Jesus Cristo.
Ele olhou para mim e para você com piedade, investiu pessoalmente em cada um de nós, pagando nosso divida de rebelião contra Deus, curando nossas feridas e fez isso não porque fosse obrigado, mas movido pela iniciativa de seu amor e graça.
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16)
Para que eu e você possamos ter uma nova atitude para com o próximo que seja durável é preciso, que antes de mais nada, aceitemos que Jesus seja aquele que se aproxime de nós para nos transformar e nos dar de sua vida.
Assim poderemos viver nossas vidas nele e amar como ele ama, fazendo o que ele faz pelo outro de quem nos aproximamos.
“Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos.” (1João 3.16)

APLICANDO
1.     Ore ao longo desta semana, a cada manhã, pedindo a Deus que dê a você um coração sensível aqueles que estão ao seu redor ao longo do dia.
2.     Pense em como você pode tomar a iniciativa para investir na vida de pessoas que se aproximam de você em cada dia desta próxima semana (por exemplo: como você pode agir em um supermercado, no posto de gasolina, no aeroporto)
3.     Esteja aberto para ser receptivo e acolhedor se Deus aproximar de você alguma pessoa para servi-lo que não se enquadre no seu conceito de gente politicamente correta.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Uma nova atitude para com relacionamentos

Quero convidar você para um exercício de imaginação. Se você pudesse ter qualquer coisa que desejasse, o que é que gostaria de ter? Não precisa economizar, pode pensar alto e com liberdade.
Um iate? Uma Ferrari? A possibilidade de fazer um tour ao redor do mundo? Quem sabe cem milhões para gastar com o que você quiser?
Agora imagine que você poderia ter qualquer uma dessas coisas, mas a condição para tê-las é que você teria que viver sozinho. Não poderia se relacionar com ninguém. Você ainda iria querer?
A verdade é que mesmo que respondamos, por falta de sabedoria, que sim, nós não conseguiríamos. Isto porque Deus nunca planejou que nós seres humanos vivêssemos sozinhos. Fomos criados para relacionamentos.
“Então o SENHOR Deus declarou: Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda.” (Gênesis 2.18)
Fomos criados para nos relacionar com Deus, mas também uns com os outros. E para isso precisamos de pessoas que nos auxiliem e correspondam.
O triste é que desde que houve a nossa separação de Deus aquilo para o qual fomos criados também se transformou em nosso maior problema. Nós seres humanos temos dificuldades para nos relacionarmos com Deus e uns com os outros.
Tornamo-nos indivíduos auto-centrados e ensimesmados e embora queiramos e necessitemos de relacionamentos, desejamos que os mesmos aconteçam para nos satisfazer e não para nos amadurecer.
A resposta que nossa sociedade tem dado a isto é a opção pela superficialidade e pelo descarte.
No contexto da superficialidade os relacionamentos são apresentados como uma realidade com a qual temos que lidar, mas que devemos manter isso em uma distancia segura para não nos comprometermos e não sermos feridos.
Quem é que já não teve um desencontro com um bom amigo, ou a ruptura de um relacionamento (namoro, alguns até mesmo casamento), um mal entendido com alguém que caminhava ao nosso lado, uma rusga na família?
Tais situações geram sentimentos de mágoas e uma boa dose de desgaste e o que nossa sociedade tem a propor quanto a isso é: você vai se envolver de novo? Vai sofrer tudo outra vez?
Ai a nossa reação é a de manter relacionamentos superficiais, impedindo que as pessoas realmente entrem em nossa vida e nos limitando para não entrar na vida de outros.
Uma alternativa a este tipo de relacionamento tem sido os chamados relacionamentos virtuais. Salas de bate-papos e canais de comunicação virtual como o MSN, Facebook, Orkut, etc., ganham uma popularidade cada vez maior.
Isso pode ser constatado pelos dados desta pesquisa realizada em agosto de 2010:
Em agosto, 37,5 milhões de pessoas navegaram na internet, das quais 36 milhões visitaram redes sociais.
Alguns destaques do estudo:

• O tráfego em sites de redes sociais aumentou 51% no ano  passado.
• O Facebook apresentou um crescimento digital triplo, aumentando sua  audiência 479% no ano passado.
• O tráfego para Orkut cresceu 30%, enquanto o Twitter aumentou 86%.
• O Twitter alcançou 23% da população brasileira online, a maior penetração em nível mundial.
• A visitação à categoria dos blogs cresceu 48%, para 29  milhões de visitantes. O Blogger se classificou como o principal destino, com mais de 21 milhões de visitantes.
É fato que estes recursos podem ser muito bem aproveitados e servirem de meios para manter contato com amigos reais, mas também é fato que tem crescido cada vez mais a mera busca pelos relacionamentos virtuais, que acabam desestruturando os relacionamentos reais.
Por exemplo: Em matéria do Globo.com de 01/12/2010 foi informado que um em cada cinco divórcios envolve o Facebook nos Estados Unidos.
Já quanto ao descarte a nossa sociedade se expressa no incentivo a busca de relacionamentos que sejam apenas pontuais e que visem apenas suprir uma necessidade de companhia para alguma situação momentânea, mas que depois que passar, deve ser deixado de lado.
Use e jogue fora! Como no fundo existe o anseio pela intimidade no coração de todo ser humano, este anseio acaba sendo buscado no sexo casual e descomprometido, como se isso pudesse dar a sensação de que de fato pertencemos a alguém, pelo menos por um momento.
Muito bem, qual é a alternativa para isso? O que é que a espiritualidade bíblica nos propõe como caminho para mudarmos a nossa atitude para com os nossos relacionamentos? O que a palavra de Deus tem a nos dizer sobre essa questão?
Quero olhar com você para uma história que é contada no livro de 1Samuel 25 que nos fala sobre relacionamentos e como podemos ter novas atitudes para a construção de relacionamentos que sejam saudáveis, profundos e gratificantes.
A história diz respeito a três personagens que se relacionam entre si: Davi, Nabal e Abigail. E o que acontece é isto......
Desta história podemos levantar alguns princípios importantes para trabalhar uma nova atitude em nossa vida para com nossos relacionamentos.

I.               NABAL: ATITUDES QUE DESTROEM RELACIONAMENTOS PRECIOSOS.

Vamos começar olhando para Nabal e através dele levantar algumas atitudes que usualmente acabamos tomando por acharmos que estamos certos e que acabam destruindo relacionamentos que poderiam ser preciosos.
Conforme o próprio texto bíblico nos mostra quando descreve Nabal ele era uma pessoa insensata, que acabava se deixando dirigir pelo seu orgulho e arrogância.
“Seu nome era Nabal..., descendente de Calebe, era rude e mau.” (1Samuel 25.3)
“Meu senhor, não dês atenção àquele homem mau, Nabal. Ele é insensato, conforme o significado do seu nome; e a insensatez o acompanha.” (1Samuel 25.25)
Podemos não ter o nome próprio de “Nabal”, mas se não cuidarmos, todos nós carregamos em nossa natureza humana uma boa medida de insensatez. Quais são as atitudes tomadas por Nabal que podem destruir relacionamentos preciosos?
1.    Agir com descaso para com a necessidade que os outros nos apresentam.
Davi envia seus mensageiros a Nabal porque era um período de celebração, onde havia o tosquiar das ovelhas, o que era seguido de uma grande festa. Davi vivia no deserto com seus homens e protegiam os servos de Nabal e seus rebanhos de serem assaltados por bandidos do deserto.
Agora Davi quer que seus homens possam também ter um momento de alegria e divertimento, possam usufruir de alguma boa comida, do que sobrasse da festa de Nabal.
“Sei que você está tosquiando suas ovelhas. Quando os seus pastores estavam conosco, nós não os maltratamos, e durante todo o tempo em que estiveram em Carmelo não se perdeu nada que fosse deles. Pergunte a eles, e eles lhe dirão. Por isso, seja favorável, pois estamos vindo em época de festa. Por favor, dê a nós, seus servos, e a seu filho Davi o que puder.” (1Samuel 25.7-8)
Mas Nabal não é sensível a sua necessidade.
Quantas vezes nós perdemos a oportunidade de aprofundar nossos relacionamentos, porque somos insensíveis a necessidade das pessoas que estão se relacionando conosco?
Às vezes as pessoas precisam de um tempo, às vezes de serem ouvidas, às vezes de receberem nosso perdão, e não somos sensíveis as suas necessidades, porque estamos, como Nabal, pensando somente em nós mesmos, somente em nossos próprios direitos.
2.    Responder com desdém a solicitação do outro.
Outra atitude equivocada de Nabal que pode destruir a construção de relacionamentos preciosos é responder asperamente e com desdém ao outro.
“Nabal respondeu então aos servos de Davi: Quem é Davi? Quem é esse filho de Jessé? Hoje em dia muitos servos estão fugindo de seus senhores.” (1Samuel 25.10)
Como é que reagimos diante daquilo que outros nos solicitam? Como reagimos diante do pedido de perdão de alguém? Diante das considerações de nossos filhos ou cônjuge, de um amigo ou colega de trabalho, de um subalterno ou superior, diante de um companheiro de discipulado?
Quantas vezes desprezamos o outro porque achamos que ele está errado, ou porque pensamos que não devemos nada a ninguém, assim como Nabal?
3.    Considerar as coisas mais importantes do que as pessoas.
Completando suas atitudes insensatas, Nabal, demonstra que coisas para ele são mais importantes do que as pessoas.
“Por que deveria eu pegar meu pão e minha água, e a carne do gado que abati para meus tosquiadores, e dá-los a homens que vêm não se sabe de onde?” (1Samuel 25.11)
Como são nossas prioridades? Pessoas valem mais do que coisas. A resposta a pergunta de Nabal é que ele deveria dar, porque pessoas valem mais do que qualquer coisa que temos.
Bob Marley: Se Deus criou as pessoas para amar, e as coisas para cuidar. Por que amamos as coisas e usamos as pessoas!
Nossos relacionamentos, aquilo que podemos construir juntos como amigos, irmãos, pais, filhos, discípulos é mais precioso do que qualquer quantidade de coisas que pudermos vir a possuir.
Por detrás das palavras de Nabal estava o seu orgulho. E quantas vezes por detrás de nossos argumentos para justificar o porque de não darmos nosso perdão, de não andarmos mais uma milha, de não nos sacrificarmos uma vez mais para que nossos relacionamentos não se percam, também não está o nosso orgulho?
Assim como Jesus fez por nós, precisamos abrir mão de nossas prerrogativas e supostos direitos pessoais em nome de nos sacrificarmos e não destruirmos relacionamentos preciosos que Deus deseja construir entre nós.
“Se por estarmos em Cristo nós temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus.” (Filipenses 2.1-5)

II.             ABIGAIL: ATITUDES QUE CONSTROEM RELACIONAMENTOS PRECIOSOS.

Quando voltamos nossos olhos para Abigail veremos o contraste de Nabal. Se com Nabal aprendemos atitudes que podem destruir relacionamentos preciosos, com Abigail aprendemos como podemos ter atitudes que constroem relacionamentos preciosos.

1.    Tomar a iniciativa para dissipar a ira.
O resultado das atitudes de Nabal foi que suscitou uma grande ira no coração de Davi que agiu prontamente com retaliação.
“Então, os mensageiros de Davi voltaram e lhe relataram cada uma dessas palavras. Davi ordenou a seus homens: Ponham suas espadas na cintura! Assim eles fizeram e também Davi. Cerca de quatrocentos homens acompanharam Davi, enquanto duzentos permaneceram com a bagagem.” (1Samuel 25.12-13)
“Davi tinha dito: De nada adiantou proteger os bens daquele homem no deserto, para que nada se perdesse. Ele me pagou o bem com o mal. Que Deus castigue Davi, e o faça com muita severidade, caso até de manhã eu deixe vivo um só do sexo masculino de todos os que pertencem a Nabal!” (1Samuel 25.21-22)
Diante de desencontros e quando nos sentimos ofendidos podemos ter como expressão a mesma ira que se manifestou no coração de Davi.
Contudo, podemos também ter a atitude sabia de Abigail que se adiantou e tomou a iniciativa para desviar a ira do coração de Davi.
“Imediatamente, Abigail pegou duzentos pães, duas vasilhas de couro cheia de vinho, cinco ovelhas preparadas, cinco medidas de grãos torrados, cem bolos de figos prensados, e os carregou em jumentos. E disse a seus servos: Vocês vão na frente; eu os seguirei.” (1Samuel 25.18-19)
Ao invés de ficarmos esperando que o outro perceba que errou e se arrependa, ou que perceba o quanto está equivocado em suas atitudes, podemos sair ao encontro dele, com o nosso coração cheio da graça de Deus para dividir com ele.
“Portanto, se você estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente a sua oferta.” (Mateus 5.23-24)
2.    Assumir o ônus do desencontro.
A maioria dos relacionamentos quando estremecidos ficam sem serem reatados ou sem serem solucionados, porque ninguém quer admitir que falhou. Mais uma vez entra em cena nosso orgulho e a atitude cobrada por nosso contexto social de que devemos exigir nossos direitos.
Abigail não tinha nada a ver com as atitudes tomadas por Nabal, ele é que errou, mas ela vai ao encontro de Davi não para tentar explicar ou se justificar, mas com a disposição de assumir a culpa.
“Quando Abigail viu Davi, desceu depressa do jumento e prostrou-se perante Davi, rosto em terra. Ela caiu a seus pés e disse: Meu senhor, a culpa é toda minha. Por favor, permite que tua serva te fale; ouve o que ela tem a dizer.” (1Samuel 25.24)
Assim, Abigail assume o ônus pelo ocorrido, mesmo não sendo ela a errada. Ela não está interessada em mostrar quem estava certo e quem estava errado na questão. Ela não foi para argumentar com Davi de que Nabal errou, mas que ele também estaria errando, mas foi para desviar o furor de Davi e o faz assumindo a culpa pelo erro de Nabal.
Isso parece semelhante a alguma coisa que você já ouviu em algum momento? Traz algo a sua memória? Se não traz, deixe-me refresca-la.
É exatamente isso que Jesus Cristo fez por nós seres humanos diante de Deus Pai. Todos nós nos rebelamos e fomos ingratos e profundamente maldosos com o Deus criador e todo poderoso.
Sua ira poderia ter destruído a todos nós, mas ele se interpôs em nosso favor, na pessoa de Jesus Cristo, diante da sua justa e santa ira, para poder nos perdoar.
Jesus não tinha que morrer naquela cruz. Ele desejou morrer por mim e por você. Ele assumiu uma culpa que não era dele, mas nossa, a fim de que pudesse assim nos justificar e desviar-nos do justo castigo de Deus.
“Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus.” (2Coríntios 5.21)
Portanto, diante do erro que outros possam ter cometido contra nós devemos tomar a iniciativa da reconciliação, precisamos assumir o ônus da culpa e estender o perdão, para que não percamos relacionamentos significativos que Deus tem construído em nossa jornada de vida.

3.    Fazer a opção pelo bem
Uma terceira atitude tomada por Abigail que pode nos ajudar a construir relacionamentos preciosos é fazermos a opção pelo bem.
Abigail não apenas assume o ônus daquela tensão relacional, mas também opta por trazer boas palavras a Davi e presenteá-lo.
“E que este presente que esta tua serva trouxe ao meu senhor seja dado aos homens que te seguem. Esquece, eu te suplico, a ofensa de tua serva, pois o SENHOR certamente fará um reino duradouro para ti, que travas os combates do SENHOR. (1Samuel 25.27-28)
Essa é uma atitude que precisamos aprender a tomar urgentemente para a construção de nossos relacionamentos. Precisamos parar de optar por uma visão negativa e por uma interpretação de situações sempre voltadas para o mal.
Precisamos aprender a dar boas palavras as pessoas com quem nos relacionamos e presenteá-las com o amor, a graça, a atenção, com palavras de bênção.
Não é que as pessoas não errem. Davi estava errado em querer se vingar, mas se fizermos a opção de liberar palavras que abençoam, desviaremos as pessoas do mal.

III.           DAVI: ATITUDES QUE ACOLHEM RELACIONAMENTOS PRECIOSOS.

Chegamos ao terceiro personagem desta trama, Davi. E com ele podemos aprender um pouco mais sobre como nossas atitudes podem ser mudadas para que relacionamentos preciosos sejam acolhidos.
1.     Reconhecer que o Senhor está trabalhando para manter nossos relacionamentos.
Davi reconhece em Abigail a presença do próprio Deus trabalhando para manter o coração de Davi no lugar certo.
“Davi disse a Abigail: “Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, que hoje a enviou ao meu encontro.” (1Samuel 25.32)
Precisamos reconhecer nas pessoas que Deus coloca em nosso caminho para nos aconselhar e orientar sobre nossas amarguras e desencontros relacionais, que há a atuação do próprio Deus que visa preservar e manter nossos relacionamentos evitando que os mesmos sejam destruídos.
“O que rogo a Evódia e também a Sintique é que vivam em harmonia no Senhor. Sim, e peço a você, leal companheiro de jugo, que as ajude;” (Filipenses 4.2-3)

2.     Acolher com humildade as orientações que recebemos.
Davi podia ter sido orgulhoso e ter rejeitado os conselhos de Abigail. Afinal de contas ele era aquele que o Senhor escolhera para ser o futuro rei de Israel.
Ele poderia ter racionalizado e argumentado que estava em sua razão, pois Nabal de fato havia sido ingrato e havia errado com Davi.
No entanto, Davi tem um coração humilde e acolhe a exortação de Deus através de Abigail.
“Seja você abençoada pelo seu bom senso e por evitar que eu hoje derrame sangue e me vingue com minhas próprias mãos.” (1Samuel 25.33)
Devemos seguir a orientação da palavra de Deus e mesmo quando achamos que pessoas estão erradas e nós certos, deixarmos que Deus cuide da situação ao invés de fazermos isso por conta própria.
“Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos. Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: Minha é a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor.” (Romanos 12.17-19)

3.     Ser um promotor da paz.
A terceira atitude que aprendemos com Davi para acolhermos relacionamentos preciosos e não deixarmos que eles se percam é que devemos promover a paz.
“Então Davi aceitou o que Abigail lhe tinha trazido e disse: Vá para a sua casa em paz. Ouvi o que você disse e atenderei o seu pedido.” (1Smuel 25.35)
O que é que almejamos de fato diante de desencontros que acontecem em nossos relacionamentos? Que as pessoas admitam que estão erradas e nós estamos certos, ou a reconciliação e promoção da paz e da harmonia em nossos relacionamentos?
Devemos nos lembrar que o objetivo de Deus para todas as dimensões de nossos relacionamentos é a paz. Como diz o apóstolo Paulo, “Deus nos chamou para vivermos em paz.” (1Coríntios 7.15)

CONCLUSÃO
O desfecho final desta história ilustra o que acontece a cada um de nós diante das atitudes que acabamos optando por tomar em nossos relacionamentos.
Quando seguimos o caminho de Nabal terminamos na morte. Atraímos a possibilidade da ira e contenda cada vez maior de outros para conosco e acabamos por morrer para relacionamentos que poderiam ser preciosos para nossa vida.
“De manhã, quando Nabal estava sóbrio, sua mulher lhe contou tudo; ele sofreu um ataque e ficou paralisado como uma pedra. Cerca de dez dias depois, o SENHOR feriu Nabal, e ele morreu.” (1Samuel 25.37-38)
Se optamos pelo caminho de Abigail e Davi, veremos que Deus é poderoso para reverter os processos equivocados de nossos relacionamentos e aprofundar os mesmos para que se tornem cada vez mais preciosos em nossa vida.
“Seus servos foram a Carmelo e disseram a Abigail: Davi nos mandou buscá-la para que seja sua mulher.” (1Samuel 25.40)
Mude de atitude para com seus relacionamentos. Não os descarte, acolha-os.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Uma nova atitude para com sigo mesmo


Vivemos em uma sociedade extremamente acelerada. Isso faz com que a vida passe muito rápida diante de nossos olhos.
As demandas de sermos bem sucedidos, conforme o padrão de nosso mundo contemporâneo, exige de nós, muitas vezes, o sacrifício do que é essencial em nome do que é urgente.
Como já dizia Cazuza: “O tempo não para, não para, não. O tempo não para.”
Tal realidade faz com que no nosso viver diário nos sintamos como um balão de ar que vai murchando aos poucos. Vamos tentando responder as demandas e expectativas que estão ao nosso redor, mas se não cuidarmos do nosso próprio coração, o resultado final é que murcharemos completamente.
Como é que podemos mudar nossas posturas? O que é que podemos fazer para que nosso coração esteja cheio de vida e tenha o que compartilhar com aqueles que estão ao nosso redor?
Muitas podem ser as respostas para esta questão, mas, no meu entender, existe uma que é a base para tudo o mais poder se desenvolver. Precisamos aprender a escutar a Deus.
Precisamos aprender a desenvolver uma nova atitude interior que nos capacitará a lidar com a vida de uma maneira completamente nova e diferente do que nossa cultura pós-moderna propõe.
Como é que desenvolvemos esta atitude? Como é que aprendemos a escutar a Deus?
Vamos olhar para um encontro de Jesus que é registrado em Lucas 10.38-42 para aprender com ele como é que podemos mudar nossa atitude interior e construir uma nova postura em nossa vida:
“Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude! Respondeu o Senhor: Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.”

I.               ESCOLHA OUVIR

Às vezes achamos que Deus fala com algumas pessoas, mas não fala com outras. Isso não é verdade.
Assim como estamos cercados de ondas de comunicação, mas que só podem ser captadas se nos sintonizarmos a elas, existe também uma continua comunicação de Deus sendo feita o tempo todo, mas só podemos escutar se nos conectarmos a ela.
Assim como Marta, vivemos ocupados e tomados por tantas coisas importantes que sem perceber deixamos de lado coisas essenciais.
Marta recebe Jesus e seus discípulos em sua casa e, como uma boa anfitriã, ela está preocupada em fazer o melhor para seus hospedes.
Maria, por outro lado, é tomada de admiração por Jesus e percebe a grande oportunidade que estava diante dela. Aquele Rabi era procurado por muitas pessoas, geralmente falava para multidões, mas, de repente ela se vê diante dele. E ele está ensinando alguma coisa para seus discípulos.
Embora houvesse muito a ser feito, Maria, é cativada pelas palavras de Jesus e pára para ouvi-lo. Em outras palavras ela escolhe ouvir. Ela se sintoniza a voz de Jesus e começa a dar atenção a suas palavras.
Se queremos que nossa vida esteja cheia de sabedoria de Deus e plena de sua orientação e direção, então, precisamos fazer como Maria. Precisamos parar de correr procurando realizar as muitas coisas que temos para realizar, por mais importante que elas sejam, e aprender a dar tempo para ouvir a Deus.
Ouvir a Deus é uma escolha. Primeiro precisamos escolher a confiança em Deus no lugar do nosso esforço pessoal.
“Parem de lutar! Saibam que eu sou Deus! Serei exaltado entre as nações, serei exaltado na terra.” (Salmo 46.10)
O texto bíblico nos informa que “Marta, porém, estava ocupada com muito serviço.” Não é que o serviço de Marta não fosse importante, a questão é quando o serviço nos tira aquilo que é essencial e prioritário.
Você já reparou que, mesmo crendo em Deus, mesmo sabendo que Jesus Cristo está conosco através de seu Espírito Santo, temos a tendência de nos agitarmos muito para resolver os nossos problemas e nos desgastamos com realidades que Deus poderia nos orientar como e o que fazer com elas, se parássemos de lutar e o ouvíssemos?
Tiago 1.19 nos aconselha:
“Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardio para falar e tardios para irar-se.”
Para ouvir a Deus também precisamos escolher amadurecer. Precisamos escolher crescer na nossa maturidade em Jesus Cristo. Isso significa que precisamos deixar de querer uma relação com Deus onde nós exigimos ser o centro das atenções.
O Salmo 131.2 diz o seguinte:
“De fato, acalmei e tranqüilizei a minha alma. Sou como uma criança desmamada por sua mãe; a minha alma é como essa criança.”
Quando a criança ainda mama ela exige que a relação com sua mãe seja exclusivamente dela. Já notou como uma criança que ainda mama quando está no colo da mãe fica quietinha, mas quando vai para o colo de outros começa a resmungar? Ou quando ela está no colo de outra pessoa e a mãe se aproxima ela começa a ficar inquieta? Isso porque ela quer a atenção da mãe, e quer a atenção porque quer ser amamentada.
Quando uma criança é desmamada, então, o relacionamento dela com a mãe amadurece, ela começa a se relacionar e a buscar por sua mãe, não mais apenas por aquilo que a mãe tem para dar a ela, seu alimento, mas também por sua presença, amizade. Vai muitas vezes a mãe para dar-lhe sua atenção e carinho. E muitas vezes apenas para usufruir de sua presença.
Assim, se queremos ouvir a Deus é preciso que tenhamos o desejo por sua pessoa, é preciso que estejamos amadurecendo em nossa relação com ele. Caso contrario só iremos a ele na hora que desejarmos “mamar”.
O objetivo de Deus para com cada um de nós é nos conduzir ao amadurecimento para que sejamos pessoas inteiras e integras como Jesus Cristo é.
“O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para o outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.” (Efésios 4.14-15)
Ouvir é uma escolha. Existe algo que é chamado de “escuta seletiva”. Temos tantas vozes, tanto barulho, tanta agitação que nosso cérebro é capaz de selecionar o que é importante e desejamos ouvir, do que não é importante.
Por exemplo! Quando mudei para casa que moro eu sempre era acordado pelo trem que passava e apitava, fazendo o cachorro que pertence a um dos meus vizinhos uivar. Também, muitas vezes, custava a dormir devido ao latido irritante de uma cachorrinha do meu vizinho.
Com o passar do tempo, no entanto, esses barulhos deixaram de me incomodar. Não porque eles não aconteçam mais, mas porque, meu cérebro os processou como sons que não devo dar atenção, e eles já não me atrapalham mais.
Por outro lado, quando nossos filhos eram pequenos, a Susy era despertada de um sono profundo, na maioria das vezes, pelo menor ruído feito por qualquer um deles, mesmo quando estavam em outro quarto.
Isso é “escuta seletiva”! Como é que você ouve Deus? Infelizmente temos o poder de resistir a voz do Senhor e pode chegar um momento em que ela já não é mais ouvida, ela já “não nos incomoda mais”.

II.             ESCOLHA ODECER

Ouvir é importante, mas em nossa cultura o ouvir não está necessariamente associado a agir de acordo com o que se ouviu.
Mas, na cultura de Maria e Marta, no primeiro século, isso não era assim. Ouvir estaria associado diretamente a decisão de obedecer ou não. Na perspectiva da espiritualidade bíblica, ouvir de Deus e não praticar o que se ouviu é uma tolice.
“Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos.” (Tiago 1.22)
Neste texto da visita de Jesus a casa de Marta e Maria há um detalhe que muitas vezes passa desapercebido. O detalhe é a postura de Maria, pois ela não somente escuta o que Jesus tem a dizer, mas está sentada a seus pés escutando.
“Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a sua palavra.”
Na cultura judaica estar assentado aos pés de um Rabino é se ver e se reconhecer como um discípulo, alguém que decidiu aprender a viver a sua vida com aquela pessoa.
“Então Paulo disse: Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para com Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje.” (Atos 22.3)
Ou seja, quando lemos que Maria estava ouvindo Jesus assentada a seus pés, o que a Bíblia está nos dizendo é que ela estava ali se colocando como uma discípula, uma pessoa que tomou a decisão de seguir a Jesus e aprender a viver a sua vida com ele. Aprender a pensar como Jesus pensa, falar o que Jesus fala e fazer o que Jesus faz.
Na cultura de Maria isso era revolucionário, pois mulheres não eram recebidas como discípulas de Rabinos. Contudo, Jesus recebeu Maria. E queria receber Marta também.
“Respondeu o Senhor: Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Lucas 10.41-42)
E ele também nos aceitou, também quer nos aceitar, também quer nos receber aos seus pés. Este é o motivo que leva Jesus a assumir a cruz. Através da cruz, mediante a sua morte e ressurreição, o Senhor Jesus Cristo nos recebe aos seus pés.
“Eu sou o bom pastor, conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai.” (João 10.14-18)
Mas, para isso, precisamos tomar uma decisão, a mesma decisão que Maria tomou, de nos assentarmos aos pés de Jesus Cristo, de reconhecermos a ele como nosso Senhor e Rei.
Às vezes achamos que precisamos saber mais sobre Deus, conhecer mais da palavra de Deus, e isso é bom, mas como disse Mark Twin, “não é o que eu não entendo da Bíblia que me preocupa, mas o que eu entendo.”
Para que haja uma mudança em nossas atitudes precisamos dar atenção a palavra de Deus e agir de acordo com aquilo que ele nos diz. Há palavras que são objetivas e claras para todos nós que andamos com Jesus Cristo. Ao lermos as Escrituras seremos orientados por elas para agirmos de uma maneira que nossas posturas sejam transformadas.
A medida que respondemos em obediência não apenas somos conduzidos a uma vida melhor, mas também crescemos em nossa amizade com Deus e nos tornamos mais capazes de identificar sua Voz em nosso interior nos orientando em questões e situações mais subjetivas.
“Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele.” (João 14.21)
“Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir.” (João 16.13)
Assim, da mesma maneira que Maria se assentou aos pés de Jesus Cristo, nós nos assentamos aos seus pés quando tiramos tempo para nos colocarmos diante das Escrituras com a convicção de que o Espírito Santo está nos instruindo e fazendo a voz de Jesus ecoar através dela.
Quando ouvimos e obedecemos, Deus tem sempre mais para nos dizer. Mas, quando não damos atenção ao que o Espírito Santo tem a nos dizer, mediante as Escrituras, por que é que Deus teria o trabalho de falar mais alguma coisa conosco?

CONCLUSÃO

Ouvir e obedecer a Deus gerará em nós uma nova atitude para com a vida e as pessoas ao nosso redor. Fará com que nos aproximemos cada vez mais de Jesus Cristo e isso gerará uma maior intimidade entre nossas vidas.
O resultado final disto é que a vida de Jesus Cristo que está em nós mediante o Espírito Santo irá fluir através de nós. Portanto, é preciso que mudemos de atitude. Precisamos assumir uma nova atitude para conosco mesmo.
Precisamos mudar de postura para com nossa vida. Não podemos ser controlados pela nossa agenda cheia de compromissos e pela pressão imposta pelas urgência de nossa dia a dia.
Precisamos decidir incluir em nosso dia a dia momentos para parar e dar atenção a Deus, nos sintonizarmos a sua voz para ouvi-la e, então, decidir obedecer aquilo que ele está nos dizendo.
Mude de atitude para com seu tempo com a palavra de Deus diariamente. Inclua em sua agenda de vida um dia para que você possa parar e estabilizar a sua vida e se recolocar nos trilhos uma vez por semana em um tempo de adoração comunitária e ensino das Escrituras.